Odeio quartos arrumados, perfeitos, mas a bagunça irrita-me de morte. No meu quarto, não, em todos os quartos que já tive e incluindo o meu actual, o problema é sempre a roupa. Q: Sabemos onde colocar a roupa suja, sabemos onde colocar a roupa lavada, mas onde é que colocamos a roupa que já foi usada mas que ainda queremos voltar a utilizar? Na cama não dá. A cama é a cama. Sobra a cadeira, esse objecto mítico. Esta última têm um trunfo: aquelas costas, a 750 ou 780mm (800mm,vá) do chão, têm escrito a néon vermelho, “Ideal para qualquer tipo de roupa. Por favor, utilizar provisoriamente.” Da cadeira só tem as costas. Serve para assentar roupa.
Concluo que a cadeira é o cabineiro de roupa mais universal de sempre, o que me fez pôr em causa o próprio arquétipo do cabideiro. Mas a cadeira enquanto cabideiro, tem um problema: o assento, que só serve para acumular descabidamente quilos de roupa. A tal bangunça, lá está.
A cadeira é um objecto complexo e a sua morfologia adequa-se sempre à função que é predestinada. Uma cadeira de jantar é uma cadeira de jantar, uma cadeira de repouso é uma cadeira de repouso, uma cadeira de escritório é uma cadeira de escritório, uma cadeira de dentista é uma cadeira de dentista, uma cadeira de praia é uma cadeira de praia. Pensei que uma cadeira de roupa deveria ser uma cadeira de roupa e retirei-lhe o assento.
At the cafeteria of the WZB, Berlin
Futureplaces 28 OCT – 02 NOV 2013
Lugar sentado